Texto
de Érico Pimenta. Editor-Chefe do Midia Truck Brasil.
Ocasionalmente, surge no Facebook uma ou outra
foto de algum caminhão com uma alta potência que está configurado para
transportar cargas leves. Dois exemplos que podemos dar é o caso dos Volvo FH
540 4x2 ou 6x2 na cegonha ou o mais recente, um FH 540 no chassi rígido
implementado para o transporte de bois, ou boiadeiro para simplificar. Quando
esses modelos são fotografados e compartilhados na rede social, sempre surge
certo debate com o tema: Será que é ostentação? É um desperdício? Ou será que
na verdade é um uso inteligente?
Bem, debate a dentro, lemos diferentes pontos
de vista, alguns comparam e menciona o transporte europeu de cargas, no qual é
comum por exemplo, você encontrar o Volvo FH 750 4x2 atrelado a um implemento 3
eixos, ou em alguns casos, vemos comparações com o mercado americano, onde a
faixa de potência em grande parte inicia acima dos 500 cavalos.
Para entendermos melhor essa questão, a
reportagem do Midia Truck Brasil entrou em contato com a Volvo Caminhões no
Brasil no qual fomos atendidos por Alvaro Menoncin - Gerente de engenharia de
vendas da Volvo. ,m
Em teoria, um modelo com uma alta potência e
uma carga relativamente leve, faz que você tenha uma velocidade média maior, e
o caminhão também teria mais fôlego para subir e teria uma menor redução de
machas, o que geraria uma melhor média de consumo de combustível e teria uma
poupança de equipamento. Alvaro explica que essa teoria é válida é ainda
menciona que a Volvo vem cada vez mais defendendo potências altas,
principalmente no mercado brasileiro onde o mercado está cada vez indo para
composições mais pesadas, sendo assim, modelos potentes trazem mais vantagens,
como durabilidade, velocidade média maior e evita o uso demasiado do
equipamento.
Outro ponto interessante nos modelos de alta
potência é o seu valor de revenda no mercado já que é mais fácil você vender um
caminhão que já é muito bem aceito no mercado explica Alvaro.
Já no requisito ostentação, Menoncin cita o
exemplo dos cegonheiros: “Você pode muito bem fazer o trabalho com modelos com
potências de 300, 350 cavalos por exemplo, mas por outro lado você vai ter uma
troca maior de machas, um consumo a mais da embreagem e da caixa de machas e
uma velocidade média menor além de maior consumo de combustível, mas nesse
requisito, não é uma ostentação porque muitos cegonheiros quando vão oferecer
ali o seu serviço para uma montadora, ele oferece o seu modelo mais Top. Talvez
ele nem precise de uma cabine XL por exemplo, é claro que em algumas aplicações
ela ajude nas questões de aerodinâmica, mas a imagem da empresa é muito
importante, então temos clientes que em seu cartão de visita você pode ver a
foto de modelos potentes com cabines altas. Isso abre portas, porque mostra que
é um motorista / transportador que estar preocupado com as novas tecnologias. ”
A cultura da sobrecarga ainda existe?
No mercado brasileiro, sempre se criou certa
cultura de que para ter lucratividade nos fretes, o motorista deve rodar em
alguns casos acima da capacidade técnica do veículo, porém, isso hoje não é tão
comum assim como há 30 anos. “Quando eu entrei na Volvo, ou seja a 20, a 30
anos atrás, isso era uma realidade muito forte, porém ao longo dos anos foi se
fazendo as contas, se eu transportar além da capacidade eu vou ter um ganho a
mais, porém você vai ter uma redução de vida útil de caixa, de embreagem e
outros componentes, e nessas contas que o pessoal começou a fazer, eles viram
que não valia a pena você transportar sobrecarga, porque além do aspecto de
você está deteriorando mais o piso, você também está tirando a vida útil do
equipamento, além dos aspectos de segurança.” Explica Alvaro. Ele ainda
menciona outro ponto interessante: “Hoje quando você vai transportar uma carga,
o embarcador emite uma nota fiscal que ali tem o peso da carga, e você tem que
passar em pontos de fiscalização, e se você tiver com um excesso a multa vai
não para o transportador mais para o embarcador, então essa prática de sobre
carga acabou no Brasil, mas é claro que quando falamos de transporte de madeira
em regiões extremamente agressivas, você ainda vai ter uma sobre carga. ”
O mercado brasileiro vem passando por diversas
mudanças no setor de transporte, seja da parte dos caminhões que estão cada vez
com mais tecnologia embarcada e motores mais potentes e menos poluentes, ou
seja da parte das leis que estão sempre em constante mudanças e atualizações,
algumas polêmicas como a nova norma 640 que autorizaria implementos de 11
eixos, porém ainda não se tem muitas definições sobre essa norma. Como Alvaro disse, a Volvo em si sempre defendeu
altas potências, e no Brasil o seu modelo Top é o Volvo FH 540 que em 2013 por
exemplo, teve um pico de vendas e chegou a 8.908 unidades vendidas naquele ano.
Além do FH 540, a Volvo trouxe para o Brasil o
FH 750, o caminhão mais potente do mundo em linha de produção em grande escala.
O modelo foi vendido apenas por encomenda e tinha valores acima dos 1 milhão de
reais.