Líder dos caminhoneiros critica preço do diesel: "Não podemos ficar quietos"

Presidente da Abrava e cabeça da greve dos caminhoneiros de 2018 disse em vídeo que brasileiros precisam fazer algo para frear reajustes nos combustíveis

(Luana Melody Brasil - Jornal O TEMPO) Em vídeo gravado num posto de gasolina em São Paulo, Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, líder da greve dos caminhoneiros de maio de 2018, desabafou a indignação com o mais recente reajuste no preço do diesel. 

 "No posto que eu estou, a gasolina aditivada de R$ 7,99, podendo chegar até R$ 9, o diesel R$ 7,50. Com esse novo aumento de R$ 0,40, [o diesel] vai chegar a R$ 8. Gente, não podemos ficar quietos. Eu conheço e sei o quanto vai impactar na mesa do trabalhador no final, na prateleira", afirmou Landim, nesta segunda-feira (9). 

 O caminhoneiro, que também é presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), se referiu ao anúncio feito na manhã desta segunda pela Petrobras. A estatal aumentou o preço de venda do diesel para as distribuidoras. O combustível passa a custar R$ 4,91, e não mais R$ 4,51, por litro – reajuste de 8,9% – a partir desta terça-feira (10).



 A petroleira alegou, em nota, que o preço não era reajustado há 60 dias. Já os valores atuais cobrados pela gasolina e pelo GLP (o gás de cozinha) foram mantidos. 

 Em nota assinada por Landim, a Abrava também se pronunciou: "O fantasma da inflação voltou. Quando sobe o diesel, os produtos transportados pelos caminhoneiros vão subir no dia seguinte, os caminhoneiros não sobrevivem mais se não repassarem os aumentos dos combustíveis para os fretes. Como liderança essa é a nossa orientação para a categoria".

 "Lembramos que essa luta pelo fim do PPI não é só dos caminhoneiros, mas sim de toda a população brasileira, principalmente os mais vulneráveis e a classe média", acrescenta a nota, referindo-se à política de Preço de Paridade Internacional (PPI), adotada pela Petrobras desde o governo de Michel Temer.

 Na live semanal da última quinta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou severamente o lucro da Petrobras. "Pode ser que eu esteja equivocado, mas não posso entender a Petrobras durante crise da pandemia e agora guerra lá fora, a Petrobras faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior com a crise, isso é um crime, é inadmissível", afirmou o presidente.

 A estatal divulgou pouco tempo antes da live que registrou lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um resultado 3.718,4% maior do que o lucrado no mesmo período do ano passado, quando a estatal alcançou faturamento de R$ 1,1 bilhão. 



 Em evento do agronegócio no Rio Grande do Sul que participou no sábado (7), Bolsonaro adiantou o reajuste do diesel, antes do anúncio feito pela estatal. "Nesta semana, vocês vão conhecer um pouco mais do que é a Petrobras. Eles sabem que o Brasil não aguenta mais o reajuste de combustível em uma empresa que fatura dezenas de milhões de reais por ano."

 Sem deixar claro à qual fala do presidente se referia, Landim avaliou que Bolsonaro "começou a entender que precisa mexer" no PPI.

 "A última fala do presidente, ficou muito bem claro que ele começou a entender que precisa realmente mexer no preço da Paridade de Importação. Como brasileiro, eu preciso deixar muito bem claro para vocês. Eu não sou da esquerda, não sou da direita, sou brasileiro e caminhoneiro. Como brasileiros, nós precisamos fazer alguma coisa", convocou o caminhoneiro.


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