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Volvo FM Eletric, um dos primeiros caminhões pesados elétricos no
Brasil. Foto: Rodolfo Buhrer / La Image / Volvo |
Eletrificação de veículos é fundamental para sustentabilidade e otimização de custos no Transporte Rodoviário de Cargas
A implementação e avanço da tecnologia de veículos elétricos no Brasil
despertam, cada dia mais, o interesse do Transporte Rodoviário de Cargas
(TRC). A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) deu autorização, no dia 09
de março deste ano, aos primeiros caminhões de grande porte movidos a
eletricidade a rodar no Brasil. O uso desta tecnologia traz benefícios
significativos à sustentabilidade, reduzindo a emissão de gases de efeito
estufa (GEE) e diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.
Apesar dos visíveis pontos positivos que a eletrificação de veículos
proporcionam, é necessário que o país incentive a popularização da tecnologia
e invista em infraestrutura para que o setor consiga trabalhar com eficiência
e sem danos à cadeia logística. De acordo com dados de março de 2024 da
Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), atualmente o Brasil possui
cerca de 4.600 pontos de recarga para veículos elétricos.
Segundo José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e
presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e
Região (SINDICAMP), uma série de melhorias são necessárias para que o
transporte rodoviário de cargas elétrico se torne mais viável no Brasil. “Acredito que a implantação de estações de recarga rápida em pontos
estratégicos ao longo de corredores logísticos e o desenvolvimento e
implantação de redes elétricas inteligentes são pontos essenciais para o
pleno funcionamento da atividade”.
Outro obstáculo que a falta de infraestrutura dos pontos de recarga
causa diz respeito à utilização dos caminhões elétricos de pequeno porte.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
e a ABVE constatam que da totalidade de eletropostos no Brasil, um terço deles
fica no Estado de São Paulo.
Essa situação restringe as transportadoras a adotarem somente operações
urbanas ou intermunicipais e também dificulta a adoção de estratégias para
investir na tecnologia. “Atualmente a Anacirema possui um veículo elétrico, porém, temos o projeto
de incrementar com mais quatro unidades. O problema não é somente a pouca
infraestrutura de pontos de carregamentos, mas também o tempo de recarga
do veículo. Os pontos de carregamento de veículos elétricos priorizam os
automóveis”, afirma Panzan.
De acordo com o diretor da Anacirema, a aquisição desses veículos
reforça o compromisso da transportadora com o meio ambiente e a
sustentabilidade, mas que ajustes precisam ser feitos para que a viabilidade
da operação seja plena. “Algo que seria muito positivo para o setor seria a redução da carga
tributária para a aquisição desses veículos. Além disso, a liberação para
circulação nas áreas centrais dos municípios também faria muita diferença
na logística”.
Uma das saídas que o governo federal pode oferecer para a questão é a
aprovação do Projeto de Lei 392/2023, que dispõe sobre a obrigatoriedade de
que postos de abastecimento tenham pontos de recarga de carros elétricos. O PL
está atualmente em tramitação no senado e a matéria está com a relatora
Senadora Eliziane Gama (PSD/MA).