Modelos do tipo VUC é uma das soluções para as restrições Foto: Érico Pimenta / Portal Midia Truck Brasil |
Falta de uniformidade e padronização das restrições são dois dos grandes desafios a serem enfrentados
Nos últimos anos, a mobilidade urbana de caminhões nas áreas
metropolitanas teve um aumento significativo. De acordo com uma nota técnica
publicada em 2022, pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), durante
as últimas duas décadas, a qualidade do ar na cidade de São Paulo continuou
ultrapassando os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
em suas diretrizes e, em algumas áreas, esse número ultrapassa até quatro
vezes o indicado.
Assim, essas regiões passaram a encarar diversos obstáculos relacionados
à implementação de alternativas sustentáveis de transporte. Como solução para
esses desafios, visando mitigar os efeitos adversos e assegurar a eficiência
do funcionamento urbano, diversas cidades têm implementado ações específicas,
como limitações de acesso para caminhões em certas zonas ou períodos.
Os tipos de veículos impactados pelas restrições incluem caminhões de
diferentes tamanhos e capacidades. As restrições são aplicadas tanto em zonas
específicas, como as Zonas de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC), quanto em
Vias Estruturais Restritas (VERs), nas quais a circulação de veículos pesados
é limitada. Além disso, existem restrições em zonas residenciais e sistema de
rodízio que se aplicam a diferentes áreas metropolitanas.
Observando os desafios encontrados pelo Transporte Rodoviário de Cargas
em relação às restrições de veículos, o IPTC - Instituto Paulista do
Transporte de Cargas desenvolveu o estudo “Restrições de Veículos de Cargas em
Áreas Metropolitanas”, cujo objetivo é explicar para os profissionais do
transporte como funciona esse controle. A pesquisa esclarece as principais
terminologias, os tipos de restrições e o funcionamento dessas limitações em
todos os estados da região Sudeste.
Raquel Serini, Coordenadora do Instituto, explica que essas limitações
têm um alto potencial para influenciar significativamente o futuro do
transporte de cargas nas áreas metropolitanas de forma positiva. “As restrições têm capacidade de impulsionar a adesão de veículos
ambientalmente benéficos, além de promoverem o desenvolvimento de soluções
inovadoras para as logísticas”.
Por outro lado, a Coordenadora explica que, se implantadas de forma
heterogênea pelos municípios de um mesmo estado, essas restrições podem afetar
a produtividade dos veículos, encarecendo as operações e trazendo menor
fluidez no trânsito. “Acreditamos que a falta de uniformidade e padronização das restrições,
além da falha na divulgação das mesmas por parte dos órgãos competentes
são grandes desafios a serem enfrentados por quem tem que obedecer essas
normas”.
Um outro desafio apresentado por Serini é a substituição da frota que se
restringe a circulação dos caminhões pesados, mas que imediatamente é
substituído por outros 4 ou 6 veículos de pequeno porte e/ou utilitários,
causando mais congestionamentos e perda de tempo no trânsito, impactando a
produtividade das entregas.
“As restrições seriam eficientes desde que houvesse uma padronização, de
horário, peso, tipo ou veículo. Uma vez que a dinâmica das entregas é
muito pulverizada nos grandes centros prejudicando o planejamento
operacional das empresas, que por vezes estão sediadas em uma determinada
região que não segue as mesmas restrições dos diferentes
destinatários”, complementou.
Por fim, Raquel explica que a fim de dar suporte às transportadoras com
relação às restrições e seus impactos, o IPTC vem trabalhando em diferentes
estudos como a ferramenta de consulta das restrições de forma gradual,
liberada aos associados no site. Além disso, o Instituto também busca aumentar
a integração com os municípios e participa de discussões sobre mobilidade
urbana com a gestão pública, além do IER – Índice de Eficiência no
Recebimento, que traz indicadores importantes sobre a performance das entregas
urbanas auxiliando as empresas com informações que subsidiam a cobrança do
frete diante deste cenário.