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Foto: Érico Rafael Pimenta | Portal Midia Truck Brasil |
Apesar de um início de ano com custos estáveis e um mercado relativamente aquecido, o setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) não conseguiu reverter a defasagem acumulada no valor do frete nos últimos anos
Uma recente sondagem do DECOPE/NTC aponta uma defasagem média de 10,3%
no TRC. Essa defasagem é de 8,6% para o transporte de carga fracionada, onde
cargas de múltiplos clientes são compartilhadas no mesmo veículo, e de 11,1%
para carga lotação, na qual a carga de um único embarcador ocupa toda a
capacidade do veículo. A persistência dessa diferença entre o frete recebido e
os custos apurados pela NTC&LOGÍSTICA demonstra a dificuldade em recuperar
as perdas acumuladas ao longo do tempo.
A complexidade da cobrança do frete, com seus diversos componentes
tarifários e taxas complementares, imposta pela dificuldade operacional,
também é prejudicial. Muitos contratantes ainda não remuneram adequadamente o
transportador pelos serviços prestados, pelas situações anormais e pelos
serviços adicionais específicos. Tais situações acarretam custos adicionais
que deveriam ser cobertos por componentes tarifários básicos, como
Frete-Valor, GRIS (Gerenciamento de Risco), TSO (Taxa de Seguro Obrigatório) e
outras generalidades, que são de vital importância para a saúde financeira da
empresa. Um exemplo notável são os novos custos impostos pela Lei 14.599/23
aos transportadores de carga, tornando obrigatória a contratação de duas novas
apólices de seguro, com apenas 10% tendo conseguido o ressarcimento neste caso
específico.
Perspectivas para o Segundo Semestre: um cenário desafiador
O ano começou com forte pressão sobre os custos, devido ao início do
processo de transição da reoneração da folha de salários, uma taxa de juros
(Selic) em patamar muito elevado de 15,0%, o aumento da adição do Biodiesel ao
Diesel elevando o custo de manutenção dos veículos e o aumento do IOF (Imposto
sobre Operações Financeiras), entre outros fatores.
Por fim, a elevada taxa de juros no país obriga o transportador a manter
atenção na concessão de prazos, que representam um custo financeiro elevado.
Este custo deve ser repassado aos contratantes, considerando a negociação da
forma de pagamento em cada caso.
Importante ressaltar que as planilhas referenciais de custos do
DECOPE/NTC não incluem o custo financeiro.
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&LOGÍSTICA)