
Texto de DALMO HERNANDES, do Flatout.com
Sempre postamos uma coisa ou outra sobre a cultura automotiva japonesa no FlatOut — os nipônicos têm diversas vertentes entusiastas, que vão da prepração extrema ao puro exibicionismo, com uma infinidade de outras subculturas no meio. E todas elas têm seu valor, mesmo que nem todas sejam o que se considera “de bom gosto” ou “bonito”. De qualquer forma, os caras que fazem parte da subcultura dos Dekotora não estão nem aí para isto.
Dekotora é o modo como os japoneses abreviaram a expressão decorated trucks, que você não precisa de inglês avançado para deduzir que significa “caminhões decorados”. A moda toda começou na década de 1970, quando a economia do Japão começou a crescer de forma vertiginosa. As pessoas tinham mais dinheiro, o comércio se aqueceu e a indústria acompanhou.
Usando peças compradas em ferros-velhos, muito cromo, luzes e pintando verdadeiros murais nas caçambas, os motoristas de caminhão da década de 1970 talvez ainda não soubessem, mas estavam criando uma vertente que, 40 anos depois, ainda têm seus adeptos — que não são tantos, mas ainda são fiéis.
Mas eles não fizeram tudo sozinhos: em 1975, a Toei, estúdio japonês que produziu boa parte dos filmes, séries e animes de maior sucesso do país, lançou o filme Torakku Yarō, ou Truck Rascals: No One Can Stop Me, em inglês. Trata-se de uma comédia de ação que em muito lembra os atuais “Velozes e Furiosos” e “Fúria em Duas Rodas”, mas em vez de carros ou motos, tinha gangues de caminhoneiros como protagonistas. Inspirados pelos Dekotora, os produtores do filme usaram caminhões decorados — e, nas sequências, chegaram a convidar os donos de caminhões que viam nas ruas para aparecer na telona. O trailer do filme está abaixo e, bem, pode não ser uma boa ideia assistir com crianças no ambiente…
O vídeo pode ser visto aqui. Contém cenas inapropriadas para menor de 18 anos.
Olhe bem para as “caras” dos caminhões: não parecem mesmo robôs gigantes?
É o tipo de coisa espalhafatosa que só tem perdão (ao menos para os mais implicantes) no Japão, mesmo. Nós? Achamos o máximo, se querem saber. Só não faríamos igual… ou faríamos?