![]() |
Foto: Acervo Midia Truck Brasil |
Visando beneficiar os caminhoneiros autônomos, e futuramente as empresas, medida busca diminuir a idade média da frota circulante no Brasil
A renovação é um tema discutido de maneira recorrente no setor de
transporte de cargas. Segundo o Relatório de Frota Circulante elaborado pelo
Sindipeças referente a 2021, o Brasil alcançou o número de 2,1 milhões de
caminhões circulando em território nacional.
Porém, segundo um levantamento do Sistema de Estimativa de Emissões de
Gases de Efeito Estufa, o setor de transporte rodoviário representa 30% do
total da energia consumida em todo o mundo, sendo responsável por despejar
8% do total de emissões de CO2 no planeta.
Devido a isso, os fabricantes têm investido cada vez mais em veículos
mais sustentáveis, razão pela qual criaram o Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores. Além de reduzir a emissão, o
programa também promove o desenvolvimento tecnológico nacional e melhora a
queima de combustíveis.
Segundo a Mercedes-Benz, fabricante de caminhões, os testes com os
motores Proconve P8 (Euro 6) demonstraram melhora drástica na emissão de
poluentes: em comparação com o Proconve P7 (Euro 5), foi registrada uma
diminuição de 80% na irradiação de óxido de nitrogênio (NOx) e de 50% no
material particulado (MP).
Os veículos Euro 6 têm previsão de chegada ao Brasil em janeiro de
2023. Entretanto, os profissionais autônomos não possuem um capital tão
grande para comprar esse tipo de caminhão, principalmente porque, segundo
projeções, haverá um aumento de 25% no preço.
Como uma medida visando cumprir a Agenda 2030 de diminuição da emissão
de poluentes, o governo federal instituiu com a MP 112/2022 o Programa de
Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária (Renovar). O objetivo é
diminuir a idade média dos equipamentos usados no transporte rodoviário de
cargas, responsável por movimentar mais de 65% de tudo que é produzido no
país.
Esse projeto concede um crédito entre R$ 20 mil e R$ 30 mil para o
caminhoneiro que aderir ao programa, entregando o seu veículo antigo para os
pontos credenciados de captação, desmonte e reciclagem. No momento, o
Renovar atenderá somente os autônomos, mas tem como objetivo auxiliar as
pequenas e médias empresas.
O estudo realizado pela Sindipeças aponta que cerca de 20,2% dos
veículos pesados circulando no Brasil apresentam uma idade média de até
cinco anos, 51,9% ficam entre 6 e 15 anos e 28% ultrapassam os 16 anos de
uso, superando a idade média da frota nacional atual de 15,2 anos.
O diretor operacional da Zorzin Logística, Marcel Zorzin, comenta que
as empresas precisam estar mais preocupadas com o desgaste ambiental, e para
isso devem prestar mais atenção na renovação de frotas. “Aqui na empresa, atualmente temos uma média bem positiva de caminhões se
compararmos com a idade da frota nacional. Nossos cavalos mecânicos estão
com quatro anos, os trucks com cinco anos e as carretas com sete anos”.
O executivo também comenta que é um bom caminho começar essa renovação
de frotas pelos autônomos, apontando que atualmente existem mais de 870 mil
caminhoneiros autônomos no Brasil de acordo com a Confederação Nacional do
Transportador Autônomo (CNTA). Grande parte deles possui veículos mais
antigos, o que aumenta a idade média dos caminhões brasileiros.
Marcel ainda complementa: “Essa medida vai ajudar a diminuir os juros na compra de veículos para
esses profissionais, incentivando a troca por caminhões mais novos,
abaixando assim a idade média da frota circulante brasileira, sem contar a
diminuição da poluição que teremos”.
Porém, o executivo enxerga alguns problemas nessa medida. O programa
de reciclagem precisa se adequar à grande quantidade de caminhões que será
encaminhada para os pontos de coleta. Sem isso, eles podem não ser
descartados corretamente, prejudicando ainda mais o meio ambiente.
Por fim, mesmo com os obstáculos, Marcel finaliza com uma visão
otimista do futuro com o Renovar. “Esse programa vai trazer melhores equipamentos, planos e ciclos de
fornecedores além de gerar mais empregos, tanto no descarte quanto na
fabricação, aumentando o giro econômico nacional”. E complementa: “Se der certo, e espero que dê, a tendência é somente melhorar”.