O Artigo foi escrito por Joel Boaretto. Gerente de Engenharia e Qualidade da Guerra Implementos Rodoviários com exclusividade para o Midia Truck Brasil.
O
Brasil é um país de dimensões continentais, com predominância do modal
rodoviário, atingindo patamares de 60% frente aos demais modais disponíveis.
Nos 1.720.756 quilômetros de estradas nacionais, trafegam combinações de
veículos de carga responsáveis pela movimentação das riquezas pátrias, o que
sustenta o título de que o Brasil é um país “rodoviarista”.
Os veículos utilizados para o transporte de
cargas necessitam atender uma série de regulamentações, as quais primam pela
segurança e padronização da frota nacional, porém, mais do que a simples função
de margear as extremidades dos veículos ou ser um item decorativo, o sistema de
iluminação tem por finalidade ser a linguagem oficial entre os veículos que
trafegam pelas vias.
É por meio deste sistema que o condutor
expressa a necessidade/intenção de mudar de faixa por meio da função de
direção, é através da lanterna traseira que o motorista avisa que está
utilizando os freios, imprimindo uma desaceleração ao conjunto ou em movimento
de marcha à ré.
Confira como a lanterna Diamond que equipa os implementos da Guerra funciona abaixo:
Confira como a lanterna Diamond que equipa os implementos da Guerra funciona abaixo:
Este meio de comunicação, no entanto, possui
regras bastante rígidas de homologação, sendo que cada função possui requisitos
de posicionamento junto ao veículo, avaliações de colorimetria, graus de reflexão
ópticos e critérios de direcionamentos específicos, tudo para que a segurança
seja um item primacial.
A Resolução que trata sobre sinalização e
iluminação é a 227/07 do CONTRAN, que, embora alterada, permanece sendo a legislação
principal sobre o tema.
A evolução tecnológica dos equipamentos para
transporte de carga tem se tornado uma constante. Estar na vanguarda da
inovação deixou de ser um diferencial e passou a ser questão de participar ou
não do mercado. A tecnologia embarcada trouxe aos usuários a possibilidade de
controles mais precisos da frota e da operação, em si.
Em 2011, a Resolução 380 do CONTRAN trouxe à
obrigatoriedade, a utilização dos sistemas auxiliares de freio do tipo ABS, com
aplicação escalonada e não retroativa.
Surge então um desafio, veículos tratores novos, dotados de ABS deveriam “conversar” com implementos rodoviários sem ABS, usados, uma vez que a frota permite intercambialididade entre as unidades tratora e tracionada. O mesmo acontecia com o implemento novo a ser acoplado à um veículo trator antigo, sem o sistema auxiliar de freio – ABS, como o condutor teria certeza do funcionamento do sistema, sem a necessidade de um equipamento de diagnóstico?
Neste contexto, a NBR 10966 – 6:2013 apresentou uma demanda aos fabricantes dos veículos rebocados, no item 7, parágrafo 5, parte “a”, onde é citado:
“Para assegurar a funcionalidade do sistema antitravamento do veículo rodoviário rebocado, até que ocorra a padronização dos veículos rodoviários automotores, da frota circulante com o uso do conector específico ISO 7638, os veículos rodoviários rebocados devem atender ao seguinte:
O sistema antitravamento do rebocado deve ser
capaz de operar por meio do circuito da luz de freio (conectando a linha de
alimentação diretamente no pino 4 da ISO 1185 (conector 24 N), ou da ISO 1724
(conector 12 N) ou ainda no pino 7 da ISO 12098 e sem comprometer o circuito da
luz de freio). O rebocado deve também ser equipado com um sinal óptico de
advertência (na cor verde, atendendo aos critérios técnicos de fotometria da
lanterna de posição lateral descritos na Resolução CONTRAN 227/07), dentro do
campo de visão do espelho retrovisor do condutor e visível à luz do dia, para
adverti-lo de alguma falha no sistema antitravamento do rebocado.
Lanterna do ABS no implemento da GUERRA.
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Neste caso, a norma exige ao rebocado uma
lanterna de cor verde, capaz de advertir o condutor de qualquer falha no
sistema ABS. Percebe-se que a norma evoca a Resolução 227/07 do CONTRAN para
homologação da lanterna e especifica claramente o posicionamento.
Os fabricantes de implementos fixam as lanternas do ABS, geralmente, no fechamento dianteiro do equipamento, no seu lado mais externo, afim de que seja possível a visualização pelo espelho retrovisor.
Também, adota-se a prática de afixar um adesivo no produto para que o mesmo sirva de manual de procedimento, explicando detalhadamente os passos para o teste do sistema, a fim de certificar o correto funcionamento do produto e seus sistemas complementares.
Mais do que apenas luzes, há uma ciência e
muito estudo por trás de cada lanterna utilizada nos veículos, alterá-las ou
sabotá-las implica em alterar a linguagem de sinais previamente estabelecida,
trazendo prejuízos à harmonia prevista e, principalmente, à segurança.