Todo caminhoneiro ou frotista precisa saber como calcular o
custo do KM rodado de seus caminhões. Essa conta é importantíssima para
planejar-se financeiramente, levantando todas as despesas de operação e tendo a
exata noção sobre seus ganhos reais. Sem esses números, os caminhoneiros podem
perder dinheiro sem nem saber para onde ele está indo.
Esse é um dos motivos
pelos quais tantos profissionais, proprietários de caminhões, têm dificuldades
financeiras. Ao não considerarem o total gasto por KM rodado, o valor cobrado
pelos serviços pode estar baixo demais para as suas capacidades. Por outro lado,
deixam também de entender melhor suas despesas para poderem administrá-las e,
assim, aumentarem os lucros.
Por isso, neste
artigo, mostraremos um passo a passo para o cálculo do custo real da rodagem de
um caminhão. Se você é caminhoneiro ou frotista e quer parar de passar por
dificuldades financeiras, não deixe de ler!
BENEFÍCIOS DE CALCULAR O CUSTO DO KM RODADO
Como já dissemos,
fazer o cálculo do custo do KM rodado é importante para saber se não está
havendo prejuízos, no final das contas, com o valor cobrado nos fretes. Ao
somar todas as variáveis de gastos da operação e da perda de patrimônio, o
profissional possui uma clareza maior sobre as suas despesas, mesmo aquelas
menos aparentes.
Também é um meio de
conhecer melhor os seus custos e entender quais são os grandes vilões para a
sua lucratividade. Se um caminhão está dando despesas excessivas em manutenção
ou consumo de combustível, por exemplo, pode ser uma boa hora para a troca do
veículo.
E esse cálculo fica
ainda mais vantajoso para quem tem mais de um caminhão. Isso porque, apesar das
receitas e do patrimônio serem maiores, o mesmo ocorre com despesas.
VANTAGENS DO CÁLCULO DO CUSTO DO KM RODADO PARA FROTISTAS
Para o frotista,
calcular o custo do KM rodado chega a ser até mais importante, pois essa conta
permite saber quanto um veículo está consumindo de verba para realizar os
fretes. Além disso, considera os gastos, inclusive com a perda de valor do
patrimônio, que ocorre com a depreciação dos caminhões e com a mão de obra dos
condutores.
Mas esse é um trabalho
grande, que pode demandar muito tempo do proprietário, ainda mais se ele for
também caminhoneiro. No entanto, não fazer os cálculos é receita certa para
perder dinheiro, sendo atropelado por custos “invisíveis” e pela inflação.
Por isso, o
proprietário que esteja tendo dificuldades deve buscar alternativas como a
terceirização da gestão da frota e o auxílio de consultorias e pacotes deserviços. Dessa forma, a contratação desses profissionais, além de aliviar uma
parte das responsabilidades, pode reduzir despesas e tornar seu negócio mais
lucrativo.
De qualquer maneira,
como já frisamos, é essencial calcular o custo do KM rodado dos veículos. A
seguir, portanto, mostraremos o passo a passo para ajudar você nessa tarefa.
Confira!
OS 3 PASSOS PARA CALCULAR O CUSTO DO KM DE CADA CAMINHÃO
Basicamente, são
necessários 3 passos para calcular o custo real do trabalho com um caminhão.
Primeiro é preciso computar os custos fixos, depois os variáveis e por último,
dividi-los pela soma dos KMs rodados, especificando um período de tempo para
esses cálculos. Nos exemplos abaixo, usamos um mês como base, mas isso pode
mudar de acordo com suas necessidades.
Além disso, é
importante refazer as contas de tempos em tempos para saber se não houve mudanças
significativas nos custos, exigindo um reajuste nos valores cobrados. Vejamos,
então, como cada passo funciona e quais itens devem ser observados em cada
etapa.
1º PASSO: CALCULE OS CUSTOS FIXOS
Os custos fixos são
aqueles que se mantêm por um período de tempo sem mudanças, não importando se o
veículo está parado ou em serviço. Entram nesse cálculo os impostos, os prêmios
dos seguros dos caminhões, entre outros. Abaixo, vamos falar um pouco sobre os
principais custos fixos e mostrar como calculá-los.
IMPOSTOS SOBRE OS CAMINHÕES
São os impostos como
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), DPVAT (seguro
obrigatório), Licenciamento e quaisquer outras taxas públicas obrigatórias para
a prestação dos serviços e pagas diretamente pelo proprietário do caminhão
(como a taxa de inspeção veicular ou ambiental).
Cobrados na maioria
das vezes anualmente, o montante pago em impostos deve ser dividido por 12 ou
pela quantidade de meses da periodicidade (se pago a cada 6 meses, divide-se o
valor por 6), para poder obter seu custo mensal. Por exemplo:
IPVA: R$ 4.500,00 anual ÷ 12 meses = R$ 375,00 mensais
SEGUROS VEICULARES
Com os prêmios dos
seguros dos caminhões, valores pagos à seguradora anualmente por seus serviços,
o mesmo cálculo deve ser feito, dividindo o valor total dos contratos por 12.
Se o caminhoneiro optou pela chamada “proteção veicular” de uma associação, os
valores já são mensais e não é preciso dividi-los.
DEPRECIAÇÃO
É o valor da perda
patrimonial com o desgaste do veículo e sua desvalorização no mercado. Para
saber o custo da depreciação do caminhão, o caminhoneiro pode conferir,
anualmente, o seu preço médio de mercado por meio da tabela Fipe e calcular as
diferenças. Veja um exemplo:
Scania R-440 A 4×2 Highline E5 ano/modelo 2015:
valor em setembro de 2016: R$ 313.577,00;
valor em setembro de 2017: R$ 291.781,00;
custo da desvalorização: R$ 21.796,00.
Assim, conforme o
exemplo acima, o caminhão teve um custo de R$ 1.816,33 mensais no período de um
ano.
Além da desvalorização de mercado, é preciso somar os gastos
fixos com revisões, se houver. Ou seja, se o veículo, independentemente de suas
condições, passa por uma revisão a cada três meses, o valor do serviço deve ser
dividido e somado ao da desvalorização.
OUTROS CUSTOS FIXOS
Se houver outros custos fixos para o negócio, eles devem ser
somados no cálculo também. Nesse caso, entram os valores pagos para o
rastreamento do veículo e planos fixos de telefonia celular para o uso de GPS e
internet, por exemplo.
2.º PASSO: CALCULE OS CUSTOS VARIÁVEIS
Os custos variáveis
são os que oscilam de acordo com o uso dos caminhões. Ou seja, evoluem
proporcionalmente à quantidade de KM rodados e serviços prestados. Veja,
abaixo, os custos variáveis mais comuns para um caminhoneiro.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A manutenção preventiva do caminhão acontece com as trocas de componentes recomendadas pela
fabricante do veículo. A vida útil das peças é calculada com base em KM
rodados. Assim, quanto mais o caminhão trabalha, maior será a necessidade de
substituições e maiores as despesas.
Estão inclusos nos
custos de manutenção preventiva as substituições de peças de desgaste (como
pastilhas e lonas de freio, correias e coxins), filtros, rolamentos, suspensão,
velas e bateria, e serviços de alinhamento e balanceamento de pneus, troca de
óleo lubrificante e fluido de arrefecimento, por exemplo.
PNEUS
Recomenda-se calcular
os custos com pneus à parte da manutenção preventiva, pois apresentam um
desgaste incomum, que varia bastante conforme o uso, a conservação e as condições das vias.
Assim, deve-se dividir
a despesa com cada troca de pneus pela quantidade de meses de duração dos itens
substituídos. Ou seja, se o par de pneus dianteiros rodou por dez meses, o
valor da troca será dividido por dez e somado às despesas de cada mês.
COMBUSTÍVEL
É importante ter o
controle de todos os gastos com combustível do caminhão, pois eles representam
uma grande parcela dos custos por KM rodado. Guarde todas as notas e cupons
fiscais e some o montante de cada mês separadamente.
GASTOS COM PEDÁGIOS
O mesmo procedimento
deve acontecer com os pedágios. Guarde os comprovantes de pagamento e some os
valores gastos durante o mês.
SEGURO DA CARGA
O seguro para a carga
transportada, também chamado de seguro de responsabilidade civil, é obrigatório
para todo serviço de frete. Ele cobre quaisquer avarias ou perdas que aconteçam
aos produtos que tenham sido originadas por responsabilidade do caminhoneiro.
Os valores pagos nos
seguros para as cargas no mês devem ser somados. É interessante, inclusive,
pegar o montante pago em um período maior e dividir, por exemplo por três
meses, para tirar uma média mensal mais representativa.
DESPESAS DIVERSAS DE VIAGEM
Despesas necessárias para concluir as viagens como hotéis, pontos de parada e restaurantes também
devem ser incluídas. Afinal, sem elas, seria impossível prestar o serviço e,
portanto, são relacionadas ao custo do KM rodado. Devem ser somadas ao longo do
mês.
3.º PASSO: CALCULE O CUSTO DO KM RODADO
Agora que você já sabe
os seus custos mensais, é preciso somar a quantidade de KM rodado em um
determinado mês. Esse valor será o divisor para o custo levantado para aquele
mesmo período. Vamos a um exemplo para ilustrar:
# custos no mês de fevereiro de 2017: fixos de R$ 15.000,00 e
variáveis de R$ 20.000,00;
# total de KM rodado no mês de fevereiro de 2017: 10.000 km;
# custo por KM no período: R$ 35.000,00 divididos por 10.000 km
é igual a R$ 3,50 por KM rodado.
Com esse cálculo, fica
mais fácil conferir se os valores cobrados por KM para os fretes de um caminhão
estão cobrindo seus custos e, principalmente, se estão gerando renda suficiente
para pagar as contas pessoais e manter a qualidade de vida de sua família.
No entanto, há certas
diferenças no cálculo, a depender do tipo de profissional que você é, pois os
custos e os ganhos mudam. Confira no tópico a seguir algumas particularidades
de cada tipo de caminhoneiro e veja qual se encaixa melhor no seu caso.
CALCULANDO O CUSTO DO KM PARA AUTÔNOMOS, AGREGADOS E
FROTISTAS
Independentemente se
você é um caminhoneiro autônomo, se trabalha como agregado ou se possui uma
frota com dois ou mais veículos, o custo do KM rodado precisa ser calculado,
pois é o valor que será a base para administrar seus negócios.
Afinal, é necessário
conhecer suas despesas para poder quantificar os preços dos serviços e tomar
atitudes para que elas reduzam. De qualquer forma, o método é o mesmo que
apresentamos acima: pegar os custos de um período e dividir pela quantidade de
KM rodados nesse mesmo tempo.
Veja, abaixo, algumas
das características específicas dos cálculos para cada um dos três tipos de
atuação profissional de um caminhoneiro.
Como caminhoneiro autônomo, sem vínculo com
nenhuma empresa, você é o responsável por encontrar embarcadores e conseguir
fretes para trabalhar, bem como cuidar do caminhão, seu patrimônio e ferramenta
de trabalho.
Também é você quem deve colocar os preços para
seus serviços e saber se está conseguindo lucrar. Por isso, os cálculos
precisam ser bem detalhados e a organização é imprescindível para não se perder
entre os números. Uma dica é utilizar uma planilha de cálculo dos custos do frete para conferir se as viagens estão valendo a pena.
Afinal, de nada adianta cobrar barato,
trabalhar muito e não sobrar nada no final do mês ou, ainda, não ter como fazer
a manutenção correta do caminhão nem conseguir trocá-lo quando for necessário.
Tanto uma situação quanto a outra podem significar a falência do “negócio
próprio”, fazendo com que o caminhoneiro precise buscar trabalho como
empregado.
AGREGADO
Para um profissional que agrega seu caminhão
na maior parte do tempo, o cálculo muda um pouco, pois fica na dependência de
quanto a empresa agregadora está pagando e quais itens ela se prontificou a
arcar ou dividir.
Por exemplo, há casos em que a empresa fica
responsável pelo combustível, pelos pedágios, pelo seguro da carga ou pela mão
de obra dos ajudantes. Esses valores, portanto, devem ser tirados do cálculo se
pagos separadamente, ou mantidos, se o reembolso for feito embutido na quantia
paga pelos serviços.
Depois, é preciso conferir se o montante que
você está recebendo, uma média mensal da soma de diárias e entregas realizadas,
está compensando seus custos com a propriedade do caminhão e ainda dando lucro
suficiente para o sustento de sua família.
FROTISTA
Já para um frotista, tudo vai depender de como
os caminhões são utilizados, além dos custos de serviços contratados para a
frota, como a gestão terceirizada ou pacotes de serviços de manutenção ou de
auxílio mecânico.
Os
tipos mais comuns de uso dos veículos são:
# com
motoristas contratados trabalhando como autônomos para o frotista;
# com
motoristas contratados trabalhando como agregados para o frotista;
# caminhões
alugados para caminhoneiros.
Para cada caso é uma situação. No primeiro, o
valor pago aos caminhoneiros contratados deve ser adicionado ao cálculo do
custo mensal para ser dividido por KM rodados. O frotista é o responsável por
todas as despesas e todos os contratos, o que torna mais trabalhosa a gestão da
frota.
No segundo caso, os valores recebidos e o
fluxo de serviços são mais estáveis, dando maior segurança para arcar com as
contas. Porém, eles podem não ser suficientes para pagar os caminhoneiros,
custear os caminhões (desvalorizações, seguros, impostos e manutenções) e,
ainda, dar lucro.
Já no último caso, o valor cobrado de aluguel
precisa cobrir as despesas fixas do caminhão que ficarem sob sua
responsabilidade. Uma das que não há como fugir é o custo da depreciação dos veículos.
Como vimos, é de extrema importância para um
caminhoneiro ou frotista saber como calcular o custo do KM rodado de seus
caminhões. Esse cálculo permite que o profissional conheça melhor os seus
números e cobre preços mais justos. Além disso, facilita identificar suas
dificuldades para poder buscar alternativas para a gestão dos veículos e,
assim, aumentar seus lucros.
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a também gerenciarem melhor seus caminhões!