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”Vamos fazer os três braços: Piauí, Ceará e Pernambuco. É a maior obra de infraestrutura do Nordeste, integrar a região é compromisso”, apontou o ministro Renan Filho. Lula também sancionou o Marco Legal do Hidrogênio Verde, modalidade de combustível sustentável
As obras da Transnordestina acabam de ganhar novo fôlego. Com um novo
formato de investimentos sancionado nesta sexta-feira (2) pelo presidente
Lula, o impulso foi a de criação do Fundo de Investimento em Infraestrutura
Social (FIIS) com expectativa de arrecadação de cerca de R$ 10 bilhões, com R$
3,6 bilhões previstos para serem aplicados na ferrovia. O ministro Renan Filho
participou da cerimônia para sanção que aconteceu no Porto do Pecém (CE), onde
destacou que a entrega deste projeto é uma prioridade.
“São 12 bilhões de reais ao todo, Transnordestina é a maior obra de
infraestrutura do Nordeste. E vamos fazer os três braços: Piauí, Ceará e
Pernambuco. Integrar a região é um compromisso. O governo passado
abandonou Pernambuco na estratégia de desenvolvimento, corrigimos esse
equívoco. Com esse novo aporte, a gente prevê que até 2027 concluímos a
obra, mas esse evento é um convite para concluir ainda neste mandato do
presidente Lula”, pontuou Renan Filho.
O presidente Lula acompanhou a fala do ministro, revelando o peso da
obra em sua história pessoal e política. “Minha mãe teve que sair de Caetés (PE) como outros muitos para buscar
sustento em São Paulo. E a vida inteira ouvi que tudo o que tinha de ruim
era no Nordeste. Pior índice de alfabetização, no Nordeste. Pior índice de
desenvolvimento humano, no Nordeste. Essa obra, eu dou importância a ela
desde o meu primeiro mandato, para que essa região seja lembrada pelo
progresso. Antes de eu deixar a presidência, quero andar na
Transnordestina até esse porto!”
A liberação de recursos pelo Fundo de Investimento em Infraestrutura
Social vai ocorrer através de financiamento pelo Banco do Nordeste. Para a
Transnordestina, estão previstos repasses no valor de R$ 1 bilhão por ano
entre 2024 e 2026, e mais R$ 600 milhões em 2027. O dinheiro permitirá a
conclusão de mais de mil quilômetros de trilhos que correspondem a três
trechos próximos ao Porto do Pecém. A execução desta parte da obra está a
cargo da Transnordestina Logística (TLSA), controlada pelo grupo CSN.
“A liberação dos recursos teve um trabalho conjunto do Governo Federal, do
Ministério dos Transportes e dos governos estaduais. Fundamental para o
avanço dos trabalhos.”, resumiu o presidente da Transnordestina Logística, Tufi Daher Filho.
As obras da Transnordestina retomaram o ritmo acelerado em 2023, com a
volta de investimentos federais. O empenho do governo é para que a entrega da
Fase 1 da ferrovia ocorra até 2027 e até 2029 a Fase 2. O empreendimento é
considerado estratégico para o transporte de grãos, fertilizantes, cimento,
combustíveis e minério, principalmente com fins de exportação, alavancando a
balança comercial brasileira.
Ferrovia de histórias
Duas mulheres nordestinas e engenheiras. Duas histórias que se cruzam
nos trilhos da Transnordestina. Larissa Araújo, 32 anos, e Islay Lopes, 30
anos, cresceram ouvindo relatos de tios e avós sobre longas viagens de trem do
interior para Fortaleza. Histórias de um tempo em que as ferrovias eram um dos
principais meios de transporte de pessoas para longas distâncias. Hoje, elas
trabalham juntas no planejamento e execução do maior desafio de infraestrutura
do Brasil e comemoram o anúncio de recursos que serão decisivos para a
conclusão deste projeto.
Larissa é de Fortaleza e o traçado da Transnordestina carrega a
identidade da família dela, originalmente de Cedro e que veio para a capital
trazida por antigas locomotivas. “Minha primeira relação com as ferrovias foi ouvindo histórias da minha
família, que usava o trem de passageiros, uma linha da FTL antiga. A mesma
linha que a gente vai passar por perto, acompanhando com o novo traçado da
Transnordestina. Aquela linha foi muito utilizada pela minha mãe, assim
como pelos meus tios e meus avós para vir para Fortaleza. É emocionante
ver que este projeto em que eu trabalho, desta nova ferrovia, passa por
uma parte da minha história, pela história da minha família”.
Quando os pais souberam que Larissa iria trabalhar no projeto da
Transnordestina, a sensação foi de orgulho. “Quando eu entrei para aqui [na TSLA], meus pais ficaram muito orgulhosos
tanto por ter uma filha engenheira, como por eu estar trabalhando com algo
que marcou nosso passado, o trem”.
Para Islay, os olhos estão no futuro. Ela conta que nunca andou de trem
e espera ansiosa ver os vagões correrem pelos trilhos da Transnordestina. “Sou do interior e minha tia contava histórias de quando ela andava de
trem. Eu nunca andei, não tem muitos hoje, mas trabalhar nessa ferrovia é
ver o projeto saindo do papel. E quem sabe um dia eu não ando também nos
trens da Transnordestina”. O trabalho dela envolve cálculo de orçamento das obras. “Meu sentimento hoje é de orgulho e felicidade. Estou muito feliz, vai
chegar verba. O resultado disso é a obra saindo”, comemora.
O projeto da Transnordestina conta com 1.209 quilômetros de extensão na
linha principal, que liga Eliseu Martins, no Piauí, ao porto do Pecém, no
Ceará, passando por Salgueiro, em Pernambuco.
Também estão previstos 548 quilômetros de trilhos partindo de Salgueiro
em direção ao Porto de Suape, em Pernambuco. Este braço da ferrovia havia sido
excluído do contrato de concessão na gestão anterior. Em 2023, o governo
federal decidiu pela inclusão do traçado no Novo PAC e agora há previsão de
que sejam destinados R$ 450 milhões para este ramal.
O Ministério dos Transportes, por meio da Infra S.A., publicou o edital
de contratação da empresa que será responsável pelo projeto executivo de
engenharia para implantação desse trecho pernambucano em abril deste ano. Uma
vez concluída, esta parte da ferrovia vai permitir o escoamento de produtos do
Agreste de Pernambuco e da região do Araripe, importante polo gesseiro. O
ramal ainda é considerado fundamental para a economia dos estados vizinhos da
Paraíba e Alagoas.
Hidrogênio Verde
Também nesta sexta-feira (2) o presidente Lula sancionou o projeto de
lei (PL nº 2.038/2023) que define a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa
Emissão de Carbono, voltada à transição energética. O texto estabelece
diretrizes para a produção, transporte e uso do hidrogênio verde e institui
uma certificação voluntária e incentivos federais tributários para estimular a
produção e utilização deste combustível.
“É outra coisa especial ter essa sanção hoje. A gente discute hidrogênio
verde porque o mundo precisa fazer uma transição energética e o Brasil é o
país que tem a matriz energética mais limpa do mundo. Isso foi garantido
pelo presidente Lula lá atrás. E é por isso que a gente tem condições de
fazer essa transição com o hidrogênio verde”, comentou Renan Filho.
O Ministério dos Transportes integra o Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) e atua em colaboração com o Ministério de Minas e Energia e
demais órgãos para desenvolver projetos que facilitem a adoção de combustíveis
limpos no setor de transportes. Isso inclui a implementação de infraestrutura
para produção, armazenamento e distribuição, bem como incentivos para a
pesquisa em veículos movidos a hidrogênio.