|
| Divulgação: Volvo Trucks |
Projeto obriga empresas de transporte a substituir suas frotas por modelos 100% elétricos ou a hidrogênio
Há quem diga que o carro elétrico já nasceu morto, e há quem acredite no
futuro dessa tecnologia. Mas, quando o assunto é caminhão elétrico, a
discussão se torna mais complexa. A União Europeia, porém, decidiu avançar e
lançou o programa “Greening Corporate Fleets” (Frotas Corporativas
Ecológicas), que pretendia obrigar grandes empresas de logística a substituir
parte da frota por caminhões de emissão zero, ou seja, modelos elétricos ou
movidos a hidrogênio.
VEJA MAIS:
De acordo com a União Internacional de Transporte Rodoviário (IRU), a
medida poderia gerar grandes problemas, especialmente para pequenas
transportadoras agregadas às grandes operadoras. Essas empresas teriam de
adquirir ou contratar caminhões elétricos, o que aumentaria os custos
operacionais e criaria obstáculos logísticos. A IRU reforça que a transição do
diesel para tecnologias elétricas deve ocorrer de forma natural, acompanhando
o avanço da infraestrutura.
A
The European Chemical Industry Council (Cefic) também se posicionou contra a proposta. Segundo a entidade, caminhões
elétricos não estão preparados para o transporte de cargas químicas, podendo
gerar riscos quando determinados produtos entram em contato com baterias. Além
disso, muitas indústrias químicas não permitem a entrada de veículos elétricos
em suas dependências por questões de segurança o que inviabilizaria a
operação.
Para pressionar a Comissão Europeia, a IRU criou uma petição contra o
programa. No total, 5.032 transportadoras assinaram o documento inclusive
empresas holandesas, embora a Holanda tenha 17% de sua frota de caminhões
composta por modelos elétricos.
O documento foi entregue à presidente da Comissão Europeia, Ursula von
der Leyen, e pode ser lido na íntegra:
Montadoras de caminhões também são contra
Além das transportadoras, as próprias fabricantes de caminhões
demonstram preocupação com o futuro imediato de seus produtos elétricos.
Scania, MAN, Volvo Trucks, Daimler, Iveco e Ford enviaram uma carta à Comissão
Europeia solicitando a flexibilização das regras de emissões de CO₂.
Na carta, enviada em 13 de outubro, as montadoras pedem mudanças no
sistema de créditos europeu — que hoje recompensa apenas quem supera tanto as
metas principais quanto as metas intermediárias em trajetória linear. As
marcas querem que a pontuação seja dada simplesmente por superar as metas
centrais.
Em entrevista à
Reuters, Christian Levin, CEO da Scania e da Traton, afirmou:
"Não estamos dizendo que as metas estejam erradas, mas vai ser muito,
muito difícil."
A Daimler Trucks também se posicionou, afirmando que, apesar do
investimento em eletrificação, enfrenta penalidades “draconianas” por não
atingir metas impactadas por fatores externos, como a infraestrutura de
recarga e a produção de baterias.
Pelas regras da UE, fabricantes devem reduzir as emissões dos caminhões
novos em 15% até 2025 e em 90% até 2040, em comparação com os níveis de 2019.
O mercado europeu de caminhões elétricos
Segundo o
International Council on Clean Transportation, nos dois primeiros trimestres de 2025, caminhões pesados representaram 76%
das vendas totais de veículos pesados na Europa. Dos 134 mil caminhões
vendidos, 1.900 eram modelos de emissão zero.
Apesar da estabilidade em volume frente ao mesmo período de 2024, a
participação cresceu de 1,1% para 1,4%.
A Volvo e a Renault, duas marcas do Grupo Volvo, continuam a dominar o
mercado de veículos elétricos em volume, representando juntas mais de 50% de
todas as vendas de caminhões pesados de zero emissões no primeiro e segundo
trimestres de 2025, embora essa participação tenha caído em relação aos 66%
registrados no mesmo período de 2024. A Mercedes e a MAN aumentaram suas
participações de mercado nesse período. A participação da MAN no total de
caminhões pesados de zero emissões vendidos subiu de 1% no primeiro e
segundo trimestres de 2024 para 10% no primeiro e segundo trimestres de 2025,
devido principalmente às vendas contínuas do modelo eTGX, um caminhão trator
usado predominantemente para transporte de longa distância. A Mercedes
representou pouco menos de 20% das vendas de caminhões pesados de zero
emissões no primeiro e segundo trimestres de 2025, impulsionada principalmente
pelo aumento nas vendas do eActros. A Iveco vendeu apenas 7 caminhões pesados
ZE no primeiro e segundo trimestres de 2025, o que corresponde a 0,4% do
total de vendas desse tipo de caminhão.
Apesar da contração do mercado, a Alemanha continua sendo o maior
mercado para vendas de caminhões pesados de zero emissões em volume no
primeiro e segundo trimestres de 2025 (580 vendas, participação de 1,8%),
seguida de perto pela França (410 vendas, participação de 2,0%). Enquanto a
maioria dos países apresentou uma participação de vendas de ZE inferior a 2,5%
do total de vendas, as participações na Suécia e na Holanda superaram em muito
a média da UE-27, atingindo 7,0% (180 veículos) e 6,3% (310 veículos),
respectivamente, no primeiro e segundo trimestres de 2025.
Portal Midia Truck Brasil
